sábado, 26 de novembro de 2011

AEROPORTO DE SÃO GONSALO DO AMARANTE - RN

Com a assinatura do contrato de concessão para construir e explorar o Aeroporto de São Gonçalo do Amarante marcada para a próxima segunda-feira, o clima no Governo do Estado é de otimismo. Apesar dos questionamentos recentes, a Secretaria de Desenvolvimento Econômico reafirma a confiança no impacto positivo do Aeroporto de São Gonçalo do Amarante na economia do Rio Grande do Norte. Para o Governo, o Estado ganha um novo contorno econômico com a construção do aeroporto. A construção e o impacto do Aeroporto de São Gonçalo do Amarante será o tema do projeto Motores do Desenvolvimento, realizado pela TRIBUNA DO NORTE, Fecomércio/RN, Fiern, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Governo do Estado do RN e RG Salamanca Capital, com patrocínio da Assembleia Legislativa do RN, Engevix e Petrobras Distribuidora. O seminário será realizado no próximo dia 05 de dezembro, no auditório do Hotel-Escola Senac Barreira Roxa, na Via Costeira, às 08h. Entre as presenças confirmadas estão o ministro da Aviação Civil, Wagner Bittencourt, os representantes do Consórcio Inframérica, Antonio Droghetti Neto e Martin Eurnekian, o economista Ricardo Amorim, entre outros. As inscrições são gratuitas e podem ser realizadas através dos telefones 4006-6120 e 4006-6121. As vagas são limitadas.



Benito Gama: O aeroporto valerá para todo o Nordeste. Juntamente com a Transnordestina, o Porto de Suape, o Porto de Pecém, e agora o Aeroporto de São Gonçalo do Amarante são os quatro pilares logísticos da região.


Para Benito Gama, não há dúvidas acerca do tamanho do Aeroporto de São Gonçalo. "O Aeroporto de São Gonçalo do Amarante está para o Nordeste como o quarto pilar da estrutura logística. Ele será um dos maiores aeroportos de carga do Brasil, junto com Guarulhos, Viracopos e Confins", diz. E complementa, citando as críticas que o projeto recebeu: "Não sei quais dados os críticos utilizam. Mas tenho certeza que o aeroporto terá o tamanho esperado".

No que diz respeito ao terminal de cargas, o secretário de Desenvolvimento Econômico diz que a principal mudança será a utilização do RN como ponto de distribuição de mercadorias "Entendo que o maior impacto será a redistribuição de cargas para o Nordeste a partir do Rio Grande do Norte", aponta.

Além do impacto do novo aeroporto, Benito Gama fala em entrevista à TRIBUNA DO NORTE sobre a importância do projeto da ZPE de Macaíba e do papel do Proimport, programa de incentivo a ser votado na Assembleia, na atração de investimentos, algo considerado fundamental para viabilizar São Gonçalo como um motor de desenvolvimento.

Qual a expectativa do Governo do Estado em termos de crescimento econômico com o Aeroporto de São Gonçalo do Amarante?

O Aeroporto de São Gonçalo do Amarante está para o Nordeste como o quarto pilar da estrutura logística. Isso vale para todo o Nordeste. São a Transnordestina, o Porto de Suape, o Porto de Pecém e agora o Aeroporto de São Gonçalo do Amarante. Depois, teremos também o Porto de Natal, mas agora o quarto pilar é o Aeroporto de São Gonçalo do Amarante. Com isso, a movimentação econômica da região será centralizada aqui. Será a partir daqui que todo o Nordeste será abastecido. Isso é muito positivo. Haverá uma resposta imediata na geração de emprego e renda e também irá viabilizar a ZPE de Macaíba.

Quais as áreas mais afetadas, na sua avaliação?

Não existe uma área específica. Entendo que o maior impacto será a redistribuição de cargas para o Nordeste a partir do Rio Grande do Norte. Antes, ia para Guarulhos e voltava de caminhão, mas com o novo aeroporto o destino será o RN, de onde será redistribuído para os outros estados. Além disso, o Estado pode utilizar a ZPE de Macaíba para potencializar esse impacto.

Como está a consolidação da ZPE de Macaíba? Qual o perfil dos negócios a serem sediados lá?

A ZPE está constituída, com a Prefeitura de Macaíba como sócia majoritária. O Governo do Estado está negociando uma redistribuição societária. No meu entendimento, a área de inovação tecnológica deve ser privilegiada. Podemos montar uma base e enviar produtos para o México, América do Norte, África, etc.

O projeto do Aeroporto tem alguns críticos. Há quem diga que ele não atingirá o tamanho anunciado. Qual a sua opinião?

Pelo que conheço, ele terá um dimensionamento a nível Nordeste, Brasil e América Latina. Ele será um dos maiores aeroportos de carga do Brasil, junto com Guarulhos, Viracopos e Confins. Não sei quais dados os críticos utilizam. Mas tenho certeza que o aeroporto terá o tamanho esperado.

O que o Governo do Estado precisa fazer para tirar todo o potencial do aeroporto?

Trabalhar como já está trabalhando. Criando a estrutura e buscando voos fretados e operadoras de frete na Flórida, Frankfurt, Hamburgo, Rotterdam, entre outros. Isso irá acontecer quando a Assembléia aprovar o Proimport. Todas essas empresas já passam por cima do estado, as suas rotas passam por aqui e o que precisamos é criar as condições para que eles desçam e se instalem aqui.

É preciso combinar isso com um porto mais forte?

O Porto é fundamental porque um porto e um aeroporto são estruturas complementares. Tendo um bom porto e um bom aeroporto as oportunidades aumentam significativamente. Iremos entrar numa competição forte com Pernambuco e Ceará e não podemos perder.

Mas para isso a atual estrutura precisa ser ampliada.

Já está aumentando o calado para dois metros e meio. Iremos fazer a licitação para construir o terminal marítimo de passageiros e estamos pensando em outras ampliações, semelhantes às que foram feitas no Porto de Itajaí, que é um dos que mais crescem no Brasil. Deu certo em Itajaí e sem dúvidas irá dar certo por aqui também.

Qual a ligação entre o Proimport e a ZPE?

Não há uma relação direta, porque na ZPE já existem isenções de impostos. O modelo da ZPE preconiza isso. Contudo, é possível viabilizar uma relação complementar, onde alguns produtos podem ser processados no entorno do aeroporto, no entorno da ZPE, a partir dos atrativos iniciados com o Proimport. Não é fundamental, mas é complementar.

Como o senhor espera que o Estado consiga atrair esses investimentos?

O que atrai investimento é lucro e o que atrai lucro é mercado. Com o aeroporto e com o porto, teremos mercado, então teremos condições de atrair esse investimento.

Consultores dizem que somente com a instalação de empresas aéreas nos arredores do aeroporto, ele poderá ter o tamanho anunciado. Qual a sua opinião?

Não precisa ser consultor para concluir isso. Mas com o aeroporto e com a reforma do Porto nós vamos conseguir atrair isso, grandes empresas de logística e transporte. Seremos como Vitória ou Itajaí. Vamos recuperar a linha férrea também até Ceará-mirim, o que será outro ganho. O Plano Estadual de Logística irá prever tudo isso.

Há possibilidade de aumentar o alcance do modal ferroviário, levando até São Gonçalo do Amarante?

Aí depende da demanda de carga. O Plano Estadual de Logística irá detalhar essas questões, com a integração aeroviária, portuária e rodoviária. Faremos o que for mais adequado ao momento.

Em que pé está o desenvolvimento do Plano de Logística?

No governo passado, ele foi contratado, mas não foi pago. Ele agora terá uma dimensão maior, então teremos de contratar novamente. O BNDES já sinalizou com a possibilidade de apoio e nós estamos estudando como contratar esse Plano. Além disso, a Confederação Nacional dos Transportes e a Confederação Nacional das Indústrias manifestaram o interesse de atuar como parceiros. O Governo está muito atento a tudo isso.

Mas o processo será reiniciado?

Sim, porque o Rio Grande do Norte é outro hoje. Hoje temos o Aeroporto e teremos também o Porto. Há a questão das eólicas, com grandes investimentos, e é preciso ter estradas para viabilizar, escoar os equipamentos. Então, são questões que precisam estar contempladas no Plano Estadual.

Fonte: Jornal Tribuna do Norte.

domingo, 30 de outubro de 2011

Economia no Nordeste

Nordeste


Indústria da construção firma-se como segmento com o maior crescimento na Região

Graças ao seu imenso litoral, que possui 3.300 quilômetros de praias tropicais, a Região Nordeste do Brasil ocupa um importante posto no cenário turístico mundial. De acordo com o Instituto Brasileiro de Turismo, as cidades de Salvador, Fortaleza, Recife e Natal encontram-se entre os municípios brasileiros que mais recebem turistas estrangeiros. Por esta razão e pelos investimentos gerados através do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), os estados que compõem a Região (Bahia, Alagoas, Ceará, Maranhão, Pernambuco, Piauí, Paraíba, Rio Grande do Norte e Sergipe) estão vivendo um período de intenso desenvolvimento, principalmente no que se refere à infraestrutura, o que proporcionou ao Nordeste uma reestruturação em seu mercado econômico.

Esta mudança repercutiu diretamente na indústria da construção que acabou despontando na Região, tornando-se a atividade que absorveu com maior força este novo cenário econômico. "O Nordeste vive uma fase de desenvolvimento fantástica. Motivado por este crescimento, tornou-se o paraíso da construção, principalmente na área de construção civil que se encontra em franca ascensão", destaca a auditora fiscal da SRTE/PE Joseline Leão.

Somente o Rio Grande do Norte apresentou um avanço de 13% na construção civil neste ano. Para Arnaldo Gaspar Júnior, presidente do Sinduscon/RN, este crescimento foi motivado pelo investimento público em obras de infraestrutura e pelo aumento de crédito imobiliário proporcionado pelo programa do governo Minha Casa, Minha Vida. "Nunca havíamos tido um investimento tão grande em obras públicas como o que ocorreu neste ano. Ao todo, foram investidos cerca de 1 bilhão de reais em construção de estradas, saneamento e abastecimento de água", detalha.

O crescimento do setor acabou provocando o interesse de investidores, incorporadoras, bancos privados, companhias seguradoras e empresas estrangeiras, que viram, na Região, um novo potencial mercadológico. "A vinda do polo petroquímico e do estaleiro Atlântico Sul fez com que outras empresas se interessassem pelo Nordeste. Isso favoreceu não somente o mercado imobiliário, mas também a economia regional", avalia Maurício José Viana, diretor da Fundacentro/PE e integrante da CPN (Comissão Permanente Nacional da NR 18).


Qualificação

De cada três novos postos de trabalho gerados na construção civil, um se localiza no Nordeste. Ao todo, nos últimos 12 meses a Região concentrou 34% das vagas criadas pelo setor no País. No entanto, a mão de obra qualificada disponível não acompanha o ritmo de crescimento da construção, o que tem obrigado empresas a contratarem trabalhadores que nunca atuaram em um canteiro de obras. "Acredito que este é o maior problema decorrente deste intenso avanço imobiliário. Como não há qualificação suficiente, estão sendo empregados profissionais que não possuem treinamento para a atividade que é de grande risco a sua segurança", constata o médico do Trabalho e higienista ocupacional Danton Figueiredo.

Para ele, o problema não é a falta de mão de obra especializada, mas sim a ausência de investimento das empresas na formação profissional de seus novos funcionários. "A questão não é ser novo na área. Isso é positivo, pois estamos promovendo uma oxigenação no setor. A nossa verdadeira preocupação é com a forma como eles são adaptados ao serviço", reforça Figueiredo.

De acordo com Maurício Viana, algumas empresas estão investindo na qualificação profissional de seus empregados. "Tanto a refinaria da Petrobras quanto o estaleiro Atlântico Sul instituíram uma escola de formação de trabalhadores, em parceria com o Senai, para capacitar operadores de máquinas pesadas, soldadores, entre outras ocupações", elucida o diretor da Fundacentro.

Para evitar que a taxa de acidentalidade acompanhasse esse boom da indústria da construção no Nordeste, o MTE intensificou suas ações no último ano, e os acidentes de trabalho na atividade não apresentaram um crescimento significativo. "Nosso trabalho de fiscalização esteve focado na construção, justamente por este ser o responsável por grandes índices de acidentes graves. Tivemos muitas interdições, notificações e embargos, o que talvez tenha ajudado a evitar que os registros de acidentes aumentassem na mesma proporção que o número de obras em execução", constata Joseline Leão.


Grande Porte

No entanto, o desenvolvimento da Região não se restringe somente ao mercado imobiliário, atingindo também, e com maior impacto, a construção de obras de grande porte. Este é o caso, por exemplo, das obras de transposição do Rio São Francisco (foto), da construção da linha férrea Transnordestinas e do Gasoduto da Integração Sudeste-Nordeste. "Apesar de estar embasada pela NR 18, esta parte da construção não é atendida em sua totalidade pela norma. Precisamos de uma NR que contemple estas diferenças. Caso contrário, poderemos ter um crescimento no número de acidentes graves", afirma Maurício Viana.

De acordo com ele, a Fundacentro está estudando o andamento das obras de revitalização do Rio São Francisco para iniciar uma proposta de normatização para o trabalho na construção pesada. "No próximo ano, serão iniciadas uma nova leva de obras de grande porte na Região e precisamos garantir condições de segurança a todos estes profissionais", ressalta Danton Figueiredo. Entre as principais obras a serem executadas no Nordeste encontra-se a construção dos estádios que irão receber os jogos da Copa do Mundo de 2014.

Além disso, a Região receberá nove novos estaleiros, o que colocará o setor naval nordestino definitivamente no mapa portuário mundial. Segundo o auditor fiscal da SRTE/RJ Luis Carlos Lumbreras, a instalação destes projetos no Nordeste deve-se à instalação do estaleiro Atlântico Sul e da recente exploração do pré-sal. "O Nordeste está despontando como um novo polo da construção naval e a segurança destes trabalhadores será garantida pela recente NR 34 (Condições e Meio Ambiente na Indústria da Construção e Reparação Naval). "Quando a norma entrar em vigor, iremos focar o trabalho de divulgação e capacitação na Região Nordeste", afirma Lumbreras.

Além dos acidentes típicos, o alto índice de doenças ocupacionais também tem sido foco de preocupação em todas as regiões. A Unidade de Insumos Básicos da Braskem, em Camaçari/BA ganhou o melhor case da Região Nordeste e em Qualidade de Vida no Trabalho com um projeto que tem como maior objetivo reduzir taxas de sedentarismo e obesidade, maiores responsáveis pelo aparecimento de infartos, derrames e cânceres. Transformando Vidas é a reportagem que a partir da página 50 conta sobre o programa desenvolvido naquela unidade.

FONTE: http://www.protecao.com.br/site/content/materias/materia_detalhe.php?id=JyjbAc

domingo, 31 de julho de 2011

"O RN não está fora do mapa de grandes projetos"

Renata Moura - editora de Economia

A Petrobras aprovou e esmiuçou nos últimos dias o plano de negócios que pretende executar no período de 2011 a 2015 no Brasil e no exterior, prevendo mais investimentos na área de exploração e produção, com foco principalmente no pré-sal, que concentra grandes reservas de petróleo. O plano também aponta a postergação do início da operação de outros projetos, como as refinarias premium previstas para o Maranhão e o Ceará, no Nordeste. Para o Rio Grande do Norte, nada foi citado, mas isso não quer dizer, porém, que o RN - maior produtor de petróleo em terra do Brasil - tenha ficado de fora do mapa da companhia. Pelo menos é isso o que garante o gerente geral, Joelson Falcão Mendes. Nesta entrevista à Tribuna do Norte, ele diz que projetos como a exploração em águas profundas, que deve começar ainda neste segundo semestre, estão mantidos. A expectativa é que a investida - se bem-sucedida - ajude a reforçar a produção de petróleo e gás, em declínio nos últimos. Por outro lado, o executivo também reforça que, para mudar de patamar, como outras áreas do país, o Estado vai precisar de novas áreas para trabalhar, dado o declínio natural das que estão em mãos. Confira os principais trechos da entrevista:

alex régisGerente geral da Petrobras, Joelson Falcão Mendes garante que o Rio Grande do Norte não ficará fora do mapa de ações da companhiaGerente geral da Petrobras, Joelson Falcão Mendes garante que o Rio Grande do Norte não ficará fora do mapa de ações da companhia
O plano de negócios prevê redução nos investimentos da companhia para 2011. Isso de alguma maneira afeta projetos no Rio Grande do Norte?

A princípio não. Os investimentos da Petrobras são constituídos através de carteiras de projetos de suas diversas unidades. Os nossos projetos são de médio e longo prazo. Então não faz sentido empresarial que eles sejam paralisados. Na realidade nós estamos ao longo deste ano conseguindo manter tudo aquilo que vinhamos planejando no ano passado, os níveis de produção, inclusive, estão um pouco acima do que a tínhamos oficialmente nos comprometido com a alta administração e os projetos também. Os projetos estão em curso. Uma coisa que é importante pontuar é que na nossa atividade, na produção de campos maduros, nós temos um declínio natural da produção, e a gente conseguiu estabilizar esta produção, através da contínua implantação de projetos. Então não me parece que na nossa atividade aqui a gente vá ter qualquer tipo de paralisação. As sondas estão contratadas, fazendo perfuração de poços, os nossos contratos de construção e montagem de engenharia estão em curso. Então não me parece que teremos qualquer dificuldade de curso prazo. Pelo contrário, a gente espera conseguir realizar todos os projetos previstos para este ano.

O presidente da companhia, (José Sérgio Gabrielli) falou sobre a postergação de alguns projetos. Ele não citou especificamente o Rio Grande do Norte, mas algum projeto do estado vai ter também de esperar mais?

No que se refere a nossa atividade aqui, não me parece que teremos qualquer tipo de dificuldade para o período de 2011 até 2015. Acredito que conseguiremos manter. Na realidade todo ano a Petrobras renova o seu plano pelo dinamismo da atividade. Nós estamos constantemente fazendo atividades de exploração. Então sucessos ou insucessos na área geram ajustes no plano de exploração e produção. Exatamente pelo sucesso que a área de produção e exploração teve nos últimos anos os investimentos na área foram revisados para cima.

Para o Rio Grande do Norte muda alguma coisa com esse "ajuste para cima"? Vai ter mais dinheiro disponível?

Nós temos um quantitativo de blocos tanto em exploração quanto em produção hoje nas nossas mãos. Para esses blocos nós já temos um planejamento de trabalho. Nos blocos que estão em produção, nós já temos projetos que chamamos de desenvolvimento da produção, tentando aumentar, revitalizar a produção desses campos. Isso não deve mudar em nada porque é uma questão técnica. O que a gente vislumbra em termos de possibilidade técnica e econômica de produção desses blocos. Nos blocos exploratórios, nós estamos evidentemente fazendo trabalhos exploratórios, que são trabalhos de risco, e que podem levar a descobertas que levem também a precisar ser desenvolvidas. É possível que nós tenhamos mais necessidade de recursos do que está previsto hoje, se nós tivermos sucessos exploratórios. Nós estamos fazendo poços terrestres, poços marítimos em águas rasas e já começamos uma grande campanha, que vai chegar na bacia potiguar este ano, uma exploração na chamada margem equatorial, em águas profundas. A partir do dinamismo da nossa atividade, é possível que a gente tenha necessidade de mais recursos. Hoje os projetos que temos na mãos estão com recursos assegurados. Temos um orçamento para este ano, assegurado, em investimentos, de R$ 1,8 bilhão, da unidade de operação do Rio Grande do Norte. É da mesma ordem de grandeza do orçamento que realizamos no ano passado. Para o futuro, isso vai depender de vários fatores. O que a gente tem conseguido, a cada ano que passa, é ter mais recursos disponíveis para exploração e produção pelo sucesso que a atividade tem tido no país.

Sobre essa campanha em águas profundas, a expectativa era que fosse inciada no segundo semestre...

Está mantido.

Mas o que está faltando para começar?

Temos um cronograma de sondas e de logística. Vamos receber uma sonda para fazer um poço no ceará e outro na Bacia potiguar. Evidentemente ficamos ansiosos pelos resultados, por tudo o que vem acontecendo no país. Ficamos bastante ansiosos com o que venha a acontecer. Mas está dentro do cronograma. Vai acontecer agora no segundo semestre, uma sonda está fazendo um poço, quando terminar vem para cá.

Mas é só equipamento que está faltando?

Só. Já temos licença, isso já está equacionado.

É um investimento que a Petrobras faz com expectativa de conseguir que resultados? Incrementar, por exemplo, em quanto a produção?

Não temos a mínima condição de fazer esse tipo de avaliação. Investimento exploratório é investimento de risco. Tem áreas com mais ou menos possibilidades. Águas profundas na margem equatorial são situações que nós chamamos de novas fronteiras. A quantidade de informações práticas que nós temos ainda são muito pequenas. Elas vão sendo adquiridas a medida que os poços vão sendo perfurados. Então não temos como fazer qualquer prognóstico. A Petrobras levou anos fazendo exploração em águas profundas até por exemplo ter o sucesso que está tendo no pré-sal agora.

O senhor havia comentado que a Petrobras tem conseguido se não reverter pelo menos segurar a queda que vem sendo registrada na produção do Rio Grande do Norte nos últimos anos. Mas em junho deste ano, por exemplo, houve queda, em relação ao mesmo período do ano passado. É apenas o declínio natural, como já foi justificado, ou há algo mais atrapalhando?

Você foi muito pontual. E na ralidade na nossa atividade não tem como ser muito pontual assim. Mas o primeiro semestre deste ano foi melhor que o primeiro semestre do ano passado. A gente está esperando este ano uma produção média anual igual a produção média anual do ano passado. O que é uma vitória dos nossos projetos. Fechamos o semestre com uma produção acima do previsto e no mesmo patamar do ano passado (com 62 mil barris de petróleo por dia no Rio Grande do Norte).

Qual é o entrave para que a produção em vez apenas de se manter cresça?

Nós precisamos de mais áreas para trabalhar. A Agência Nacional de Petróleo, Gás, Natural e Biocombustíveis já anunciou que deve ter este ano uma nova rodada de licitações onde ela vai oferecer mais blocos. Nós estaremos participando. Nós estamos fazendo os trabalhos dentro daquilo que imaginamos que tem de ser feito. Investimentos em áreas maduras, tentando projetos de revitalização. Se nós não estivéssemos fazendo determinados investimentos a produção estaria caindo na faixa de 10% ao ano. Por exemplo, o nosso projeto de injeção contínua de vapor. A gente levou vários anos planejando o projeto, iniciou a injeção de vapor em janeiro do ano passado e este ano este projeto está produzindo 5 mil barris de petróleo. Estaríamos produzindo 5 mil barris a menos se não tivesse esse projeto. Então são as dificuldades naturais mesmo do processo e de uma bacia já bastante explotada, onde já se produziu bastante. Agora, para que a produção aumente de fato e de forma consistente, a gente vai precisar ter sucesso exploratório. Se nós ficarmos convivendo só com as áreas que já temos em mãos, o máximo que a gente vai conseguir é estabilizar a produção, ter pequenos crescimentos pontuais. Para que nós mudemos de patamar, como o país tem feito, é preciso haver descoberta de novos campos.

Se não houver sucesso exploratório o Rio Grande do Norte não deixará de ser um negócio interessante para a Petrobras?

Não porque quando nós pensamos num projeto nós pensamos num projeto no médio prazo. A gente faz os cálculos do retorno que esse investimento vai ter em 15, 20 anos. E a gente entende que a gente vai ter sucesso exploratório. É só uma questão de tempo. No médio prazo não vislumbramos qualquer dificuldade de interesse da companhia quanto à permanência aqui. Isso é muito fácil de a gente perceber de forma concreta. Por exemplo, este ano nós aprovamos na diretoria da companhia e estamos indo fazer licitação de um oleoduto saindo de Mossoró até Guamaré. Um investimento de 200 milhões de dólares. Já compramos as tubulações e estamos indo à rua contratar o serviço de instalação disso. Nós estamos fazendo isso com uma perspectiva de 20 anos. Também acabamos de aprovar a perfuração de poços no campo de serra. Um investimento de 170 milhões de dólares. A perfuração será iniciada agora no mês de agosto. É projeto modesto, entre aspas, porque ele vai estar, no pico de produção dele, contribuindo com 3 mil barris para nossa produção. Então a nossa atividade vive desses pequenos projetos entre aspas. E a gente pensa num horizonte de 20 anos.

No detalhamento do Plano de Negócios, Gabrielli falou sobre o foco que será dado ao pré-sal, sobre a necessidade de investimentos em refino, falou sobre grandes projetos que vão ser realizados em outros estados. O Rio Grande do Norte ficou de fora do mapa dos grandes projetos da Petrobras?

Não, por conta da exploração da margem equatorial. Os projetos que a gente faz aqui, normais, entre aspas, como os que citei, também não foram citados pelo Gabrielli. São os projetos que fazem parte do dia-a-dia. Ele citou o macro. Grandes refinarias. O grande boom do pré-sal. O dia a dia dos estados ele não citou. Eu posso dizer que os investimentos que temos previstos no plano de negócios são extremamente significativos. Não há outra empresa, não há outro segmento investindo aqui no Rio Grande do Norte o que nós estamos investindo.

Há então algum novo projeto que possa ser citado para o estado nesse horizonte até 2015?

Não. Hoje o que a gente tem são os projetos de injeção de água, de injeção de vapor, revitalização da produção do campo de serra e investimentos em infraestrutura (implantação de oleodutos, por exemplo). A nossa grande expectativa é ter uma coisa mais significativa nas nossas atividades exploratórias tanto em águas rasas quanto em águas profundas.

Fonte: http://tribunadonorte.com.br/noticia/o-rn-nao-esta-fora-do-mapa-de-grandes-projetos/190621

domingo, 17 de julho de 2011

Balança do agronegócio cresce 20,5% no semestre

A balança comercial do agronegócio brasileiro registrou superávit de US$ 34,7 bilhões de janeiro a junho de 2011. O valor representa um crescimento de 20,5% no saldo de negócios externos do setor em relação ao mesmo período de 2010, quando o total foi de US$ 28,8 bilhões. As exportações totalizaram US$ 43,1 bilhões, o que representa elevação de 23,4% em relação ao mesmo período de 2010. As importações apresentaram variação positiva de 36,8%, no mesmo período, totalizando US$ 8,3 bilhões.
DivulgaçãoAs exportações de soja registraram crescimento expressivo em quantidade e também em valorAs exportações de soja registraram crescimento expressivo em quantidade e também em valor

O incremento das exportações do complexo soja (grão, farelo e óleo), carnes, complexo sucroalcooleiro (etanol e açúcar), produtos florestais e café - que juntos responderam por 82,4% do total das exportações - foi o principal responsável pelo resultado positivo da balança. O valor embarcado dos cinco produtos foi de US$ 35,5 bilhões.

"Tivemos um expressivo aumento das exportações de soja em grão tanto em quantidade quanto em valor. O destaque negativo foi a queda do volume exportado de óleo de soja, produto com maior renda agregada", analisa o diretor do Departamento de Promoção Internacional do Agronegócio (DPI) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Marcelo Junqueira Ferraz.

Na análise por destinos, as exportações apresentaram aumento para praticamente todos os continentes. A Ásia, embora tenha perdido participação em comparação a 2010, continua no primeiro lugar com 30,1% do mercado. Entre os 20 principais destinos dos produtos brasileiros, alguns países atingiram um acréscimo superior ao incremento das exportações no semestre: Argélia (+131,9%), Espanha (+73,5), Japão (+47,4%), Alemanha (+42%) e Rússia (+41%). Este último, apesar da recente suspensão de compra de carne do Brasil, ultrapassou as aquisições dos Estados Unidos e ficou em terceiro lugar no ranking de importadores dos produtos brasileiros.

Nas importações, o principal crescimento ocorreu no valor adquirido da palma de óleo, que passou de US$ 142 milhões no primeiro semestre do ano passado para US$ 289 milhões (+103,8%) nos seis meses iniciais de 2011. O setor de produtos florestais, considerado o mais importante da pauta importadora, teve elevação de 37,8% nas aquisições. O segmento lácteo também registrou forte alta, passando de US$ 149 milhões para US$ 277 milhões (+85,6%), além de ter sofrido redução nas vendas externas de US$ 76 milhões para US$ 57 milhões.

"O grande aumento das importações de leite em pó ocorreu devido à menor oferta interna do produto, em face da entressafra e do inverno rigoroso que estamos atravessando", justifica Ferraz.

Resultados de junho

Apenas em junho, a balança comercial alcançou um superávit de US$ 5,8 bilhões. As exportações somaram US$ 8,9 bilhões (29,1% de alta em relação ao mesmo mês de 2010) e as importações obtiveram US$ 1,3 bilhão (elevação de 32,5% na comparação com junho do ano passado).

A variação positiva das exportações ocorreu, principalmente, em função do incremento no valor das exportações do complexo soja, que aumentaram 46,3%, totalizando US$ 3,1 bilhões. Somente o valor exportado em grãos aumentou 50% em relação ao valor registrado em junho de 2010 (de US$ 1,4 bilhão para US$ 2,2 bilhões). Também houve crescimento das exportações nos seguintes setores: café (+ US$ 308 milhões), complexo sucroalcooleiro e carnes (+ US$ 225 milhões), sucos de frutas (+ US$ 107 milhões) e cereais, farinhas e preparações (+ US$ 85 milhões).

Os países que apresentaram as maiores taxas de crescimento na aquisição de produtos do Brasil foram Espanha (148,4%), Rússia (110,3%), Japão (64,3%) e Alemanha (58,3%). A China - principal importador da atividade - incrementou as suas compras em 33,7%, ampliando a participação.

Fonte: http://tribunadonorte.com.br/noticia/balanca-do-agronegocio-cresce-20-5-no-semestre/189188

quarta-feira, 15 de junho de 2011

ISTO É Entrevista Roberto Shinyashiki

Para pensar... A revista ISTO É publicou esta entrevista de Camilo Vannuchi.

Em 'Heróis de Verdade', o escritor combate a supervalorização das aparências e diz que falta ao Brasil competência.

O entrevistado é Roberto Shinyashiki, médico psiquiatra, com Pós-Graduação em administração de empresas pela USP, consultor organizacional e conferencista de renome nacional e internacional.


ISTO É - Quem são os heróis de verdade?

Roberto Shinyashiki - Nossa sociedade ensina que, para ser uma pessoa de sucesso, você precisa ser diretor de uma multinacional, ter carro importado, viajar de primeira classe.
O mundo define que poucas pessoas deram certo. Isso é uma loucura. Para cada diretor de empresa, há milhares de funcionários que não chegaram a ser gerentes.
E essas pessoas são tratadas como uma multidão de fracassados.
Quando olha para a própria vida, a maioria se convence de que não valeu à pena, porque não
conseguiu ter o carro, nem a casa maravilhosa.
Para mim, é importante que o filho da moça que trabalha na minha casa, possa se orgulhar da mãe.
O mundo precisa de pessoas mais simples e transparentes.
Heróis de verdade são aqueles que trabalham para realizar seus projetos de vida, e não para impressionar os outros.
São pessoas que sabem pedir desculpas e admitiram que erraram.

ISTO É - O Sr. citaria exemplos?

Shinyashiki - Quando eu nasci, minha mãe era empregada
doméstica e meu pai, órfão aos sete anos, empregado em uma farmácia.
Morávamos em um bairro miserável em São Vicente
(SP) chamado Vila Margarida. Eles são meus heróis.
Conseguiram criar seus quatro filhos, que hoje estão bem.
É pena que a maior parte das pessoas esconda suas raízes.
O resultado é um mundo vítima da depressão, doença que acomete hoje 10% da população americana.
Em países como o Japão, a Suécia e a Noruega, há mais suicídio do que homicídio.
Por que tanta gente se mata? Parte da culpa está na depressão das aparências, que acomete a mulher, que embora não ame mais o marido, mantém o
casamento, ou o homem que passa décadas em um emprego, que não o faz se sentir realizado, mas o faz se sentir seguro.

ISTO É - Qual o resultado disso?

Shinyashiki - Paranóia e depressão cada vez mais precoce.
O pai quer preparar o filho para o futuro e mete o menino em aulas de inglês, informática e mandarim. Aos nove ou dez anos a
depressão aparece. A única coisa que prepara uma criança para o futuro, é ela poder ser criança.
Com a desculpa de prepará-los para o futuro, os malucos dos pais estão roubando a
infância dos filhos. Essas crianças serão adultos inseguros e terão discursos hipócritas.
Aliás, a hipocrisia já predomina no mundo corporativo..

ISTO É - Por quê?

Shinyashiki - O mundo corporativo virou um mundo de faz-de-conta, a começar pelo processo de recrutamento.
É contratado o sujeito com mais marketing pessoal.
As corporações valorizam mais a auto-estima do que a competência.
Sou presidente da Editora Gente e entrevistei uma moça que respondia todas as minhas
perguntas com uma ou duas palavras. Disse que ela não parecia
demonstrar interesse. Ela me respondeu estar muito interessada, mas como
falava pouco, pediu que eu pesasse o desempenho dela, e não a conversa. Até
porque ela era candidata a um emprego na contabilidade, e não de relações
públicas. Contratei-a na hora. Num processo clássico de seleção, ela não passaria da primeira etapa.

ISTO É - Há um script estabelecido?

Shinyashiki - Sim. Quer ver uma pergunta estúpida feita por um
presidente de multinacional no programa 'O Aprendiz'?
Qual é seu defeito?
Todos respondem que o defeito é não pensar na vida
pessoal:
- Eu mergulho de cabeça na empresa. Preciso
aprender a relaxar. É exatamente o que o Chefe quer escutar.
Por que você acha que nunca alguém respondeu ser desorganizado ou esquecido?
É contratado quem é bom em conversar, em fingir.
Da mesma forma, na maioria das vezes, são promovidos aqueles que fazem o jogo do poder.
O vice-presidente de uma as maiores empresas do planeta me disse:
'Sabe, Roberto, ninguém chega à vice-presidência sem mentir'.
Isso significa que quem fala a verdade não chega a diretor!

ISTO É - Temos um modelo de gestão que premia pessoas mal preparadas?

Shinyashiki - Ele cria pessoas arrogantes, que não têm a humildade de se preparar, que não têm capacidade de ler um livro até o fim
e não se preocupam com o conhecimento.
Muitas equipes precisam de motivação, mas o maior problema no Brasil é competência.
Cuidado com os burros motivados.
Há muita gente motivada fazendo besteira.
Não adianta você assumir uma função, para a qual não está preparado.
Fui cirurgião e me orgulho de nunca um paciente ter morrido na minha mão.
Mas tenho a humildade de reconhecer que isso nunca aconteceu graças a meus chefes, que foram sábios em não me dar um caso,

estava preparado.
Hoje, o garoto sai da faculdade achando que sabe fazer uma neurocirurgia. O Brasil se tornou incompetente e não acordou para isso.

ISTO É - Está sobrando auto-estima?

Shinyashiki - Falta às pessoas a verdadeira auto-estima.
Se eu preciso que os outros digam que sou o melhor, minha auto-estima está baixa.
Antes, o ter conseguia substituir o ser. O cara mal-educado dava
uma gorjeta alta para conquistar o respeito do garçom. Hoje, como as pessoas
não conseguem nem ser, nem ter, o objetivo de vida se tornou parecer.
As pessoas parecem que sabem, parece que fazem, parece
que acreditam. E poucos são humildes para confessar que não sabem.
Há muitas mulheres solitárias no Brasil, que preferem dizer que é melhor assim.
Embora a auto-estima esteja baixa, fazem pose de que está tudo bem.

ISTO É - Por que nos deixamos levar por essa necessidade de sermos perfeitos em tudo e
de valorizar a aparência?

Shinyashiki - Isso vem do vazio que sentimos.
A gente continua valorizando os heróis. Quem vai salvar o Brasil? O Lula.
Quem vai salvar o time? O técnico. Quem vai salvar meu casamento? O terapeuta.
O problema é que eles não vão salvar nada! Tive um professor de filosofia que dizia:
'Quando você quiser entender a essência do ser humano, imagine a rainha Elizabeth com uma crise de diarréia durante um jantar no Palácio de
Buckingham'. Pode parecer incrível, mas a rainha Elizabeth também tem diarréia. Ela certamente já teve dor de dente, já chorou de
tristeza, já fez coisas que não deram certo. A gente tem de parar de procurar super-heróis, porque se o super-herói não segura a onda,
todo mundo o considera um fracassado.

ISTO É - O conceito muda quando a expectativa não se comprova?

Shinyashiki - Exatamente.. A gente não é super-herói nem superfracassado.
A gente acerta, erra, tem dias de alegria e dias de tristeza. Não há nada de errado nisso.
A crise será positiva se elas entenderem que a responsabilidade pela própria vida é delas.

ISTO É - Muitas pessoas acham que é fácil para o Roberto Shinyashiki dizer essas
coisas, já que ele é bem-sucedido. O senhor tem defeitos?

Shinyashiki - Tenho minhas angústias e inseguranças. Mas aceitá-las faz minha vida fluir facilmente.
Há várias coisas que eu queria e não consegui. Jogar na Seleção Brasileira, tocar nos Beatles
(risos). Meu filho mais velho nasceu com uma doença cerebral e hoje tem 25 anos.
Com uma criança especial, eu aprendi que, ou eu a amo do jeito que ela é, ou vou
massacrá-la o resto da vida para ser o filho que eu gostaria que fosse.
Quando olho para trás, vejo que 60% das coisas que fiz deram certo. O resto foram apostas e erros.
Dia desses apostei na edição de um livro, que não deu certo. Um amigão me perguntou:
'Quem decidiu publicar esse livro?' Eu respondi que tinha sido eu. O erro foi meu. Não preciso mentir..

ISTO É - Como as pessoas podem se livrar dessa tirania da aparência?

Shinyashiki - O primeiro passo é pensar nas coisas que fazem as pessoas cederem a essa tirania e tentar
evitá-las. São três fraquezas:
A primeira é precisar de aplauso, a
segunda é precisar se sentir amada e a terceira é buscar segurança.
Os Beatles foram recusados por gravadoras e nem por isso desistiram.
O que as escolas deveriam fazer é ajudar o aluno a desenvolver suas próprias
potencialidades.

ISTO É - Muitas pessoas têm buscado sonhos que não são seus?

Shinyashiki - A sociedade quer definir o que é certo. São quatro loucuras da sociedade..
A primeira é instituir que todos têm de ter sucesso, como se eles não tivessem significados individuais.
A segunda loucura é: Você tem de estar feliz todos os dias.
A terceira é: Você tem que comprar tudo o que puder. O resultado é esse consumismo absurdo. Por fim, a quarta loucura: Você tem de fazer as coisas do jeito certo. Jeito certo não existe. Não há um caminho único para se fazer as coisas. As metas são interessantes para o sucesso, mas não para a felicidade. Felicidade não é uma meta, mas um estado de espírito. Tem gente que diz que não será feliz, enquanto não casar, enquanto outros se dizem infelizes justamente por causa do casamento. Você pode ser feliz tomando sorvete, ficando em casa com a família ou com amigos verdadeiros, levando os filhos para brincar ou indo à praia ou ao cinema..
Quando era recém-formado em São Paulo , trabalhei em um hospital de pacientes terminais.
Todos os dias morriam nove ou dez pacientes. Eu sempre procurei conversar com eles na hora da morte. A maior parte pega o médico pela camisa e diz: Doutor, não me deixe morrer. Eu me sacrifiquei à vida inteira, agora eu quero aproveitá-la e ser feliz'. Eu sentia uma dor enorme por não poder fazer nada. Ali eu aprendi que a felicidade é feita de
coisas pequenas. Ninguém na hora da morte diz se arrepender por não ter aplicado o dinheiro em imóveis ou ações, mas sim de ter esperado muito
tempo ou perdido várias oportunidades para aproveitar a vida.

sábado, 28 de maio de 2011

MALCO TINHA UM SONHO

Muita gente talvez não o conheça ou, apesar de já ter visto o seu nome na Bíblia, não tenha entendido que, embora fosse um personagem secundário, um mero figurante, Malco tem uma história belíssima, e hoje é o protagonista da série “Homens da Bíblia”, publicada pelo Arca Universal.
O nome de Malco é citado no capítulo 18, versículo 10, do evangelho de João como servo do sumo sacerdote. Ele havia sido golpeado na orelha direita por Simão Pedro. Muitas pessoas, erroneamente, acham que Pedro cortou a orelha de um soldado, mas, na verdade, cortou a de Malco.
E quem era Malco?
Era um homem que tinha um sonho: ser um sacerdote. Segundo historiadores, Malco passou a vida estudando, obedecendo as regras, as leis e estava a um passo de tornar-se um sacerdote quando, a mando do seu superior, foi ao encontro de Jesus para prendê-lo.
De acordo com a lei vigente na época, quem queria ser um sacerdote não poderia ser gago, surdo ou ter qualquer defeito no corpo. Poderia até ter um problema na orelha esquerda, mas a direita tinha que estar em perfeito estado.
“Então, Simão Pedro puxou da espada que trazia e feriu o servo do sumo sacerdote, cortando-lhe a orelha direita; e o nome do servo era Malco.” (João 18.10)
Tirando lições
Quantas vezes nos dedicamos, batalhamos por algo e quando chega a nossa vez de ser coroado eis que algo acontece e corta, literalmente, os nossos sonhos pela raiz.
E às vezes quem puxa a espada para cortar os nossos objetivos é alguém que está andando com o Mestre, ou alguém tão próximo de nós.
Todos os evangelhos fazem uma referência a esse fato (leia Mateus 26:51-52, Marcos 14:47, João 18:10-11). Mas somente Lucas o médico, nos conta acerca da cura.“Mas Jesus acudiu, dizendo: Deixai, basta. E, tocando-lhe a orelha, o curou.” (Lucas 22.51)
Jesus sabia dos sonhos de Malco, e que aquela cura não representava apenas um milagre físico, mas também espiritual.
Para não esquecer
Deus vê todas as coisas. Ele sabe dos nossos sonhos. E quando a nossa vida está nas mãos Dele, ainda que alguém tente frustrar os nossos objetivos, eis que Jesus nos acode e nos cura e reconstrói os nossos sonhos.
Ainda não é o fim. Jesus Cristo pode reconstruir aquilo que foi quebrado, curar o que está ferido e alicerçar o que está prestes a ruir.
Que assim como Malco nos lembremos que em meio a tantas coisas que estão acontecendo, quando estamos no limite de nossa dor, ou achando que chegamos ao fim da linha, eis que Jesus chega e diz: “Basta. Essa luta não é só sua. É minha também.” E nos traz a cura.
Que, a exemplo de Malco, possamos deixar Jesus reconstruir os nossos sonhos.

Fonte:http://fjblogger.com/aparecida/2011/04/11/jesus-reconstruiu-seus-sonhos/