quinta-feira, 18 de novembro de 2010

PIB do RN cresce em 2008, mas fica abaixo da média

O Produto Interno Bruto (PIB) do Rio Grande do Norte chegou a R$ 25,48 bilhões em 2008, mas, influenciado negativamente pelo setor agropecuário e a indústria extrativa, registrou crescimento real de apenas 4,5% no período, índice que ficou entre os mais baixos do Nordeste e aquém das médias da região (5,5%) e do país (5,2%). Os dados fazem parte da pesquisa Contas Regionais do Brasil, divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e mostram, na prática, que “a economia potiguar cresceu pouco”, segundo Ivanilton Passos, analista do Instituto. “Não há o comemorar”, diz.

Alex RégisAgricultura potiguar desacelerou em 2008 com excesso de chuvas e crise financeira internacionalAgricultura potiguar desacelerou em 2008 com excesso de chuvas e crise financeira internacional
Em linhas gerais, o PIB representa a soma do valor de todos os serviços e bens produzidos em determinados período e região. É o principal termômetro para medir o crescimento econômico e, como tal, é diretamente influenciado pelo desempenho das atividades que compõem a economia.

No caso do RN, a desaceleração foi causada principalmente pelo setor agropecuário, que desacelerou em 2008 com o excesso de chuvas e a crise mundial, que começou a dar sinais no último quadrimestre do ano. Uma mostra  do baque sofrido pelo setor foi a queda na participação dele no valor adicionado estadual, ou seja, no valor total do PIB, descontados os impostos. A queda foi de 4,6% para 5,1%. Isso ocorreu porque atividades chave desaceleraram. A participação do cultivo da banana no valor da produção, por exemplo, caiu de 8% para 5%. O melão, que tinha peso de 30%, reduziu pela metade.

Diretor da Cooperativa dos Fruticultores da Bacia Potiguar (Coopyfrutas),  vice- presidente do Sindicato dos Produtores de Mossoró, Baraúnas e Grossos e diretor técnico do Comitê Executivo de Fitossanidade, Francisco Vieira da Costa, lembra que o excesso de chuvas no período alagou diversas áreas de produção de banana e de criação de camarão e, no caso do melão, contribuiu para reduzir o período de safra. “Também perdemos receita em função da crise na Europa, que teve início justamente entre setembro e outubro, período em que a receita das exportações começa a entrar nas empresas. A crise fez com que a inadimplência chegasse a 25% por parte dos compradores. Sem falar que também provocou o fechamento de algumas empresas”.

A indústria foi outro setor que inibiu a evolução do PIB. O resultado do setor foi fortemente influenciado pela queda na indústria extrativa (-7,2%), resultante dos volumes negativos do valor adicionado das atividades de extração de petróleo e coque (-7,0%) e de extração de minerais não-metálicos (-10,5%). “Quem está segurando o PIB do estado é o setor de serviços. O setor puxou o desempenho do estado para cima em 2008, com crescimento de 6,3% em termos reais”, diz Passos.

Ritmo de crescimento foi reduzido em relação ao NE

Entre 1995 e 2008, o PIB do Rio Grande do Norte registrou uma variação real acumulada de 52,8%, mas o ritmo de crescimento foi reduzido, se comparado ao dos estados vizinhos.

Para se ter ideia do movimento, entre 1995 e 2002 a variação real acumulada do PIB potiguar foi de 24,5%, a mais alta do Nordeste. Entre 2002 e 2008, a taxa de crescimento alcançada foi de 22,7%, a  menor da região. Já no período de 1995 a 2008, o crescimento só ficou à frente dos registrados na Paraíba (51,7%), no Ceará (49,9%), em Pernambuco (43,9%) e Alagoas (36,2%).

Ano da crise
Com o desempenho alcançado em 2008 o Rio Grande do Norte também perdeu participação no Produto Interno Bruto brasileiro. Os dados do IBGE mostram que a participação do estado na economia nacional caiu de 0,9% em 2007 para 0,8% no ano seguinte. “O valor em 2007 estava na 18ª posição no ranking nacional e passou para a 19ª, a mesma do início da série histórica, em 2002”, diz Ivanilton Passos.

No que diz respeito ao PIB per capita, tudo o que foi produzido de bens e serviços dividido pela população do estado, houve crescimento de R$ 7.607 em 2007, para R$ 8.203 em 2008.  “Isso mostra que aumentou o valor da produção. Mas num país em que há forte concentração do PIB em poucos estados, isso não indica que a população está se apropriando de toda essa riqueza”, explica Ivanilton Passos.

Fonte: http://www.tribunadonorte.com.br/noticia 
Renata Moura - repórter de Economia

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