Em maio, ambas as partes retomaram as negociações, após um hiato de seis anos, com vistas à criação da maior zona de livre comércio do mundo, com 750 milhões de habitantes e um comércio estimado em US$ 86 bilhões por ano.
Os negociadores têm se reunido nas últimas duas semanas em Brasília e no Rio de Janeiro, e houve avanços em questões não-tarifárias, como propriedade intelectual, compras governamentais, subsídios e regras para investimentos.
"Houve progressos em todos os setores, alguns mais do que outros, mas em geral há satisfação", disse uma das fontes, pedindo anonimato por não estar autorizada a falar sobre o assunto.
Os quatro membros permanentes do Mercosul (Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai) participam da negociação, que tem como observadora também a Venezuela, cuja adesão o bloco está ainda condicionada à aprovação pelo Parlamento paraguaio.
Uma outra fonte disse que a boa relação entre os dois principais negociadores, o brasileiro Evandro Didonet e o português João Machado, também contribuiu consideravelmente para os avanços.
Como resultado, o processo pode agora passar para uma segunda fase, em que ambos os lados apresentarão suas propostas tarifárias - o que deve ocorrer na próxima reunião, em março ou abril, em Bruxelas.
A União Europeia espera alcançar um acordo com o Mercosul até meados de 2011, disse em setembro o comissário de Comércio da UE, Karel De Gucht.
Seria o primeiro grande acordo comercial do Brasil em várias décadas. Há anos o governo prioriza a negociação da Rodada Doha do comércio global, mas recentemente passou a valorizar também as negociações bilaterais.
Entre os obstáculos que restam está a forte oposição de agricultores europeus, especialmente da França e da Irlanda, e também a tradicional hesitação dos países sul-americanos para adotarem regras mais rígidas relativas aos direitos de propriedade intelectual.
Críticos dizem que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em seu último mês de mandato, enfatizou demais o estreitamento das relações comerciais com outros países em desenvolvimento, negligenciando parceiros tradicionais na Europa e os Estados Unidos.
Fonte: Folha de São Paulo.
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